domingo, 15 de maio de 2011

Mentiras

Envolvi-me e fui envolvida numa rede de mentiras. Um verdadeiro emaranhado que preciso esclarecer.
Tudo começou no meio da semana, quando encontrei colado no elevador um cartaz anunciando que a energia elétrica seria interrompida para reparos na rede no domingo das 8h30 até às 14h – podendo se estender, caso necessário.
Ao abrir a porta, uma cartinha da companhia de energia repetindo gentilmente o que estava afixado no elevador.
Era fato mesmo.Bem já nos acostumamos com isto porque é recorrente aqui neste bairro. O diferencial é na maioria das vezes não somos avisados.
Ano passado, houve uma interrupção no meio da semana, no horário em que minha filha chegaria da escola. Só um super-herói para me acudir.
E ele a trouxe nos braços e depois saiu correndo, escadas abaixo para estudar. Nem pediu um copo d'água. Destemido este herói. Seu nome: Bruno.
Bruno, quando você estiver passando por momentos difíceis, lembre-se que qualquer coisa é possível para você, afinal você é o nosso herói!
Outra vez, num domingo de verão, descemos as escadas ao meio-dia e chegando lá embaixo, calor de 33 graus, a Júlia me diz que estava com frio.
E agora? Subir para buscar uma blusa? Ou para dar remédio para febre?
Verifiquei a temperatura. Normal.
Perguntei, você tem certeza que está com frio?
Não sei mamãe, mas é que minhas pernas não param de tremer...

Para evitar todos estes transtornos, ainda mais que o nosso herói está carioca agora (e ele não tem asas) tratei de providenciar a saída das crianças com antecedência. Levaram até o cachorro.
Acordei muito cedo para me preparar da melhor maneira possível para o apagão.
Liguei o computador enquanto esperava o mercado abrir.
Era tão cedo, que a web ainda dormia.
Encontrei acordado apenas o blog da Chica. Fiquei por lá um pouco e menti para ela.
Desculpe-me Chica pela mentira. Não poderia ir à festa.
Quando se está no alto nove andares e sabe-se que os elevadores não funcionarão, não dá para festejar. Tão cedo e eu mentindo...

Corri então para o mercado. Lá embaixo estava um comboio com os caminhões da companhia de energia. Pareciam generais todos aqueles homens uniformizados diante de uma legião de cones alaranjados e enfileirados qual soldados aguardando o comando.
Voltei a tempo de pegar o elevador.
Implorei para a máquina de lavar roupas que finalizasse logo aquele ciclo.
Como ainda tinha alguns minutos, não exitei em ligar o aspirador de pó. Os vizinhos que me desculpem, mas é um momento de urgência.
Mesmo quando não se tem tapetes, mas há crianças em casa, um aspirador é muito útil.
Consegui. Deixei o rádio ligado até que fosse desligado por mãos alheias.
Continuei me agitando e quando me dei conta, a moça do rádio falou que eram pra mais de nove horas da manhã.
Cadê o exército pronto a entrar em operação?
Interfonei e o porteiro me disse que a operação foi suspensa.
Corri para a janela. Ninguém acreditaria na minha descrição feita acima. Não havia nada ali, além de carros estacionados no lugar dos cones.
Mentiram para mim.
E agora estou aqui sozinha com a energia...

Li uma frase-poesia tão linda de mentira, assim:

O regador é só uma mentira de chuva que eu tenho que contar às flores todas as manhãs” Rita Apoena.

Ah! O regador mentiu de forma tão poética que eu me animei a sair dessa rede de mentiras.
Vou é me arrumar e correr para a festa da Baratinha. Acho que ainda dá tempo!

3 comentários:

  1. rsssssss....adorei ver a festa da baratinha aqui citada...

    Obrigado pelo carinho e já que não faltou luz, simbora lá com a Julia agitar!!!rsrs

    beijo,lindo final de domingo ,chica

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  2. Q gracinha o texto :-)
    Beijinhos carinhosos e adocicados :-)

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  3. Adorei você dizer que sem esperar ficou só com sua energia! Acho que é bem assim mesmo. Dá uma bobeira não ter um plano B.
    Tenho gostado de ver as frases que você posta, de Rita Apoena. Nunca li nada dela.
    Quanto às mentiras, liga não, foi divertido!
    beijo

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